O autor da lei, deputado estadual Gessivaldo Isaías (PRB – PI), afirma que o objetivo é evitar mais mortes
Todos os anos cerca de 100 motociclistas se envolvem em acidentes causados pelo uso de linhas com cerol ou linhas chilenas. Desse total, metade sofre ferimentos graves e aproximadamente 25% das vítimas não resistem. Os números são da Associação Brasileira de Motociclistas (Abram) e retratam o perigo que corta os céus brasileiros.
“Cerol” é o nome dado ao produto feito com cola e vidro moído ou limalha de ferro. Essa mistura é aplicada a linhas de pipas, também conhecidas como papagaios, para cortar a linha de outras pipas. Já a linha chilena é produzida com pó de quartzo e óxido de alumínio, o que torna a linha uma navalha.
O problema tanto em um caso quanto em outro é que, além de conseguir quebrar outras linhas, essas misturas também têm potência suficiente para cortar peles e ossos, ameaçando qualquer forma de vida que se aproxima delas.
No início de março, no Recife, o garoto Luiz Henrique Oliveira, de 7 anos de idade, andava de bicicleta quando foi atingido pela linha da pipa empinada por outra criança. Mesmo socorrido por uma viatura, ele não resistiu aos ferimentos. Desolado, seu padrasto, Márcio da Silva, declarou à imprensa: “Ele estava indo para casa, a criança puxou a linha da pipa e cortou seu pescoço. Nós só queríamos que alguém viesse explicar o que aconteceu.” Esse foi um dos muitos casos de morte envolvendo o cerol.
Embora o perigo seja comprovado, ainda não há uma lei federal contra o uso de cortantes. Ainda assim, alguns municípios e estados estão se movimentando contra a propagação dessa arma branca capaz de afetar motociclistas, ciclistas, skatistas, patinadores e até mesmo pedestres.
O Piauí é o mais recente adepto da punição a vendedores e usuários de cerol e linha chilena. Por meio da lei nº 6.485/14, que foi sancionada pelo governador Wilson Martins (PSB), está proibida a comercialização e a utilização desses produtos. A fiscalização será de responsabilidade das Polícias Militar e Civil e da própria população.
A lei piauiense que proíbe elementos cortantes nas linhas entrou em vigor no dia 14 de março e prevê recolhimento do material e multa de R$ 500 para o réu primário, com aumento da punição em caso de reincidência. Isso é válido para quem for pego usando cerol. Quando acidentes ocorrerem, a pessoa poderá responder por lesão corporal e até mesmo homicídio, dependendo do caso.
O autor da lei, deputado estadual Gessivaldo Isaías (PRB-PI), afirma que o objetivo é salvar vidas. Para ele, o que deveria ser uma brincadeira, hoje em dia é uma arma letal: “A lei visa evitar que mais acidentes aconteçam. As linhas chilenas, principalmente para motociclistas e ciclistas, são praticamente invisíveis. Isso deixa as pessoas desprotegidas”.
Em três anos de mandato, Gessivaldo já levou à Assembleia mais de 60 projetos de lei, sendo que 28 deles foram aprovados. Entretanto, ele reforça a mensagem de que a população é a parte mais importante no cumprimento das leis: “As pessoas têm que nos ajudar. É por meio de suas denúncias que podemos fiscalizar e combater o crime”.
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